A menina Ana Victoria, que contou ter sofrido bullying e racismo na escola, recebeu uma enxurrada de mensagens de apoio de anônimos e famoso...
A menina Ana Victoria, que contou ter sofrido bullying e racismo na escola, recebeu uma enxurrada de mensagens de apoio de anônimos e famosos pelas redes. A atriz Taís Araújo ressaltou a beleza da menina e a coragem dela e dos pais em denunciar o caso.
“Ana Victoria, você é linda, seu cabelo é lindo, sua pela brilha de tão iluminada, seu nariz é perfeito", disse a atriz.
E completou:
"Quis vir aqui mostrar sua beleza pro mundo inteiro e dizer o quão corajosa você foi, o quão importante foi seus pais terem se posicionado, proposto soluções, denunciado e acima de tudo, te acolhido e segurado sua mão”.
Na quarta-feira (6), a menina de 11 anos, modelo de trança afro e aluna do sexto ano foi perdendo o brilho ao ser excluída no ambiente escolar.
A mãe descobriu no dia do aniversário da filha, em março, que Ana foi alvo de cancelamento num grupo de colegas. Ela recebeu mensagens debochando dos penteados, áudios privados ofensivos e isolamento dentro da escola.
“Me chamavam de meduza, me botavam apelido que magoou”.
“E não parou só no grupo. Não satisfeitos, eles excluíram literalmente ela do grupo e depois foi para o privado e aí é que me chocou as mensagens: ‘eu não gosto de você, eu não gosto do seu cabelo, da sua cor, do seu cheiro. Você tem bafo, você não é modelo. Modelo é bonita e você não é bonita. Você é feia. Você é gorda, parece que tá grávida. Você não sabe colocar cabelo. A sua trança é feia, seu cabelo é feio. Você só anda de reboco na cara’. Só mensagens desse nível”, contou a mãe, Camilla Barbosa.
Ana Victória — Foto: Reprodução/TV Globo
A mãe conta que foi à escola, sugeriu ações para tratar do tema e reinserir a filha, mas diz que não foi mais chamada para tratar do problema. E que a Ana Victoria continuou sofrendo e chora sempre ao falar do assunto, inclusive no atendimento psicológico a que a família recorreu.
“Até hoje eu não sei o que a escola fez. O que a escola não fez. Eu só sei que não parou. Cessou no WhatsApp até porque eu bloqueei todo mundo, mas pelo que você tá vendo, não parou”.
Sem conseguir o retorno esperado da escola, a família registrou boletim de ocorrência semana passada na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância.
A Delegacia de Crimes Raciais notificou nesta quinta-feira (7) os coordenadores do Centro Educacional Columbia 2000, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, onde Ana Victoria estuda desde o início do ano com uma bolsa parcial depois de passar por uma prova.
“Quando é criança, mandamos cópia para o Conselho Tutelar para as medidas de proteção, para os menores de 12 anos. E quando estamos diante de adolescentes, eles respondem pelo ato infracional ao crime de racismo e na justiça podem ter desde uma advertência até mesmo uma internação”, explica a delegada Débora Rodrigues.
O Conselho Tutelar que recebeu a família também na semana passada esteve na escola nesta tarde para saber o que eles têm a dizer sobre o assunto.
“Nós procedemos da forma que toda equipe pedagógica nos relatou, trouxe projetos, nós demos o nosso melhor. A negligência, na minha opinião, ela não ocorreu. E na opinião de toda a nossa equipe”, disse a representante legal, Roberta Vasconcelos.
“Nós relatamos o fato para todos os pais envolvidos, pedimos para que conversassem com os alunos individualmente. Cada pai corrigindo da maneira que achasse melhor. Entramos em sala de aula e fizemos a nossa parte. Ou seja, orientamos os nossos alunos de maneira pedagógica sobre a importância do acolhimento da Ana naquele momento, o quanto nós somos contra o racismo e preconceito de qualquer tipo”, fala a professora Ariana Clair.
“A gente está aqui para educar, ensinar, passar amor. A gente quer que o bullying acabe, que o racismo acabe”, completou a professora.
Especialistas destacam o papel fundamental da escola no combate ao bullying.
“A escola precisa ser um lugar de respeito à diversidade. Essa criança, ela sofreu racismo dentro da escola e ela precisa sim ser amparada tanto pelo corpo docente, quanto pelos pais”, diz a professora e mestra em Relações Étnico-Raciais, Luiza Mandela.
Via G1
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