SÃO JOÃO DE MERITI - O Corpo de Bombeiros cancelou, no início da tarde desta segunda-feira, a autorização de funcionamento do Parque P...
SÃO JOÃO DE MERITI - O Corpo de Bombeiros cancelou, no início da tarde desta segunda-feira, a autorização de funcionamento do Parque Play Kid, que fica na Praça dos Três Poderes, em frente à sede da Prefeitura de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Na noite de sábado, um acidente com um dos brinquedos do parque deixou quatro pessoas feridas - uma delas, uma adolescente de 16 anos, teve fraturas múltiplas no rosto e precisou passar por cirurgia. O local foi periciado por policiais civis na manhã de segunda. Procurado, o parque não respondeu à equipe do jornal.
O pai da vítima, Antônio Atanásio, foi ao parque junto com a esposa e as duas filhas adolescentes, de 15 e 16 anos. O Kabum foi o terceiro brinquedo em que as jovens andaram e, com ele, veio o susto. Por volta das 20h30, ao final de uma descida vertical de 10 metros, o cabo de aço que sustentava a parte móvel do equipamento se rompeu. O impacto com o solo, mesmo que a uma altura pequena, feriu as duas irmãs, além de um adulto e outra menor de idade.
A irmã de 15 anos teve ferimentos leves e logo foi liberada. Já a de 16 foi socorrida e levada para o Hospital Caxias D’Or, onde foram realizados exames de tomografia. Os médicos identificaram as fraturas e a necessidade de um procedimento cirúrgico.
Os parentes já haviam ido ao parque no fim de semana anterior, mas dessa vez decidiram levar afilha mais velha para conhecer os brinquedos. “É frustrante isso. Você leva as filhas, seu bem maior, para se divertir e acontece uma coisa dessas”, disse Antônio Atanásio. Segundo outros familiares da adolescente, o local continuou funcionando normalmente, e, mesmo não sendo “um acidente grave, poderia ter sido uma tragédia”.
A Prefeitura de São João de Meriti informou, em nota, que “o parque Play Kid funcionava com as autorizações pertinentes à atividade (Bombeiros, Polícia Civil, Polícia Militar, Vara da Infância e da Juventude) e que também apresentou laudo técnico atestando capacidade de operação. A prefeitura informou, também, que está à disposição dos órgãos competentes”.
Os Bombeiros esclareceram que sua documentação “diz respeito ao cumprimento do Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico, no que tange aos aspectos de escape e instalação de extintores, e não dispensa o estabelecimento do cumprimento de legislações pertinentes a diferentes órgãos públicos”. Além disso, disse que a suspensão das atividades do parque foi uma medida preventiva até que seja entregue um novo documento de responsabilidade técnica, assinada por um engenheiro, atestando a segurança do local.
Inspeção do cabo evitaria acidente
O engenheiro mecânico Gilberto Mouren, consultor do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia, explicou que é necessária inspeção periódica para troca do cabo de aço, pois a peça se desgasta com o uso. "O cabo de aço é composto por fios e com o uso eles se rompem aos poucos, ninguém consegue evitar. Por isso, o procedimento é uma inspeção constante do cabo e de todas as peças que compõem o brinquedo por um engenheiro mecânico, isso é significativo em relação a um acidente", afirmou Mouren.
Outros sinais como pintura desgastada, estrutura enferrujada e fios soltos ou desencapados também são um mau sinal. "Podem ser um sintoma de má conservação e trazem dúvidas se a parte física e mecânica do brinquedo está sendo acompanhada".
Vereador e presidente da Comissão de Indústria, Comércio e Agricultura do Rio Rafael Aloísio Freitas (MDB) pontuou que na capital fluminense, um parque de diversões precisa expor em local visível para o público, como a entrada ou bilheteria, quatro documentos: alvará da prefeitura, aprovação do Corpo de Bombeiros, laudo assinado por um engenheiro do CREA e autorização de uma Companhia de Engenharia Elétrica. "Essas exigências básicas também inspiram leis de outros municípios", destacou.
Procurada, a Prefeitura de São João de Meriti não soube informar se a legislação local exige a exibição das documentações para o consumidor.
Sem resposta do parte
Antônio Atanásio, pai da menina que foi operada após o acidente, disse que os donos do parque entraram em contato no domingo, oferecendo apoio: “Eu paguei R$ 800 de anestesia e ainda preciso arcar com os remédios. Enviei mensagem para eles hoje (ontem) de manhã sobre esses gastos, mas ainda não me responderam”, contou. Ele diz que, por enquanto, quer resolver a situação amigavelmente, sem acionar a Justiça.
Questionada, a Polícia Civil informou que, de acordo com a 64ª DP (São João de Meriti), até o momento uma pessoa foi à delegacia para relatar o caso, que foi registrado como lesão corporal culposa, e um inquérito policial foi aberto para apurar as circunstâncias do acidente.
Via O Dia
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