A dona de casa Monique Martiniano da Silva, de 34 anos, mora no Centro de São João de Meriti e diz ter ficado surpresa ao saber que, conform...
A dona de casa Monique Martiniano da Silva, de 34 anos, mora no Centro de São João de Meriti e diz ter ficado surpresa ao saber que, conforme o rodízio anunciado pela Cedae, ela poderia ter o fornecimento de água interrompido ontem. Há mais de uma semana as torneiras da casa estão secas. Para abastecer um galão de 50 litros onde reserva a água para todo o consumo da família de quatro pessoas, Monique tem contado com a colaboração de parentes de outros bairros.
Além de São João de Meriti, as cidades de Mesquita e Nilópolis também estão sendo afetadas. Há mais de duas semanas a Elevatória do Lameirão, que fica na Zona Oeste do Rio, passou a operar com 75% da capacidade devido ao defeito em três bombas. O problema, que causou desabastecimento em vários bairros do Rio e nas três cidades da Baixada, pode perdurar até próximo do Natal, conforme previsão da Cedae.
Com uma bebê de 2 anos, a Valentina, e um menino de 12, Monique está sofrendo com a mudança na rotina. A menina tem reclamado muito do calor e pede para tomar banho.
— A Valentina fica muito irritada como esse calor. Está acostuma da tomar banho no tanque a toda hora para refrescar. Tem dia que nem água para banho eu tenho. Preciso levar todos da família para a casa da minha mãe, em outro bairro. É uma peregrinação para saber quem da família tem água na torneira para poder ajudar a gente. Pagar R$ 450 por um carro-pipa não está dentro da nossa realidade — lamenta Monique.
A aposentada Dilza Alves da Silva, de 66 anos, que também mora no Centro de São João de Meriti, está dependendo a ajuda de vizinhos para conseguir água.
— Com o pouco que ganho, não tenho condições de comprar água. É muito caro para mim. Fico preocupada com essa situação em plena pandemia, período no qual é preciso aumentar os cuidados com a higiene. Não tem água até para poder fazer coisas simples, como escovar os dentes. Como vamos nos prevenir da Covid-19 sem sequer ter água para lavar as mãos? — pergunta a dona de casa, que exige uma solução rápida para esse problema.
Ontem, o diretor-presidente da Cedae, Edes Fernandes de Oliveira, acenou para a possibilidade de quem ser sentir lesado pela falta d’água poderá pedir ressarcimento da conta e de gastos com carro-pipa para abastecer a casa. Monique Martiniano não acredita nessa possibilidade.
— Não acredito em ressarcimento. São milhares de pessoas afetadas. Os mais pobres serão sempre os prejudicados. Como iremos reclamar da conta d’água? Seremos obrigados a pagar e a chance de receber esse dinheiro de volta é quase zero. O certo seria a Cedae disponibilizar carro-pipa para os mais necessitados. Essa seria uma medida mais urgente — ponderou a dona de casa.
Para tentar amenizar os transtornos, a Cedae instituiu uma espécie de “rodízio”, escolhendo que bairros ficarão sem água, ou com o abastecimento irregular, a cada dia. Em algumas localidades, no entanto, o esquema não está funcionando.
Via Extra
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