SÃO JOÃO DE MERITI - Desde que começou a fazer diálise, há pouco mais de um ano, é a segunda vez que o metalúrgico Agnaldo Gomes de Ca...
SÃO JOÃO DE MERITI - Desde que começou a fazer diálise, há pouco mais de um ano, é a segunda vez que o metalúrgico Agnaldo Gomes de Carvalho, de 54 anos, vê seu tratamento ser afetado pelo descaso do poder público. A Policlínica Grande Rio, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, onde ele e outros 203 pacientes fazem o procedimento três vezes por semana, vai reduzir o horário do tratamento devido ao atraso dos repasses pela prefeitura. Os meses de dezembro, janeiro e fevereiro não foram pagos, totalizando uma dívida de R$ 4,17 milhões.
A Clinica de Doenças Renais (CDR), no Centro do município, também está há três meses sem receber repasses, totalizando uma dívida de R$ 1,6 milhão. A CDR chegou a fazer uma notificação extrajudicial à Secretaria municipal de Saúde.
— Pensava que, pelo fato de o prefeito ser médico, teria uma sensibilidade maior com a gente. Não sei como vai fazer. Se o sangue não é filtrado, podem surgir vários problemas. Ano passado, tive falta de ar, inchaço... tem gente que pode até morrer — lamentou Agnaldo.
A diálise é feita quatro horas por dia, e três vezes por semana. Em março do ano passado, a prefeitura chegou a atrasar seis meses do repasse e a clínica reduziu a diálise para três horas por dia. Na época, os pacientes protestaram em frente à sede do governo municipal, e três meses foram quitados. Desde então, os atrasos têm sido constantes.
— Ele paga um ou dois meses. De dezembro para cá, não pagou mais nada. Semana passada, protocolamos na prefeitura um comunicado sobre a redução de horários. Vamos fazer a diálise duas horas por dia devido à falta de insumos para o procedimento — contou a assistente social da Policlínica Grande Rio, Cristiane Merelles Rosa.
Foi ela quem deu a notícia aos pacientes sobre a redução no horário do tratamento. Cristiane contou que muitos entraram em desespero:
— Eles ficaram desesperados, angustiados, muito chateados, pois vão ser os maiores prejudicados.
Luiza se preocupa com a possibilidade de ter o tratamento afetado devido à dívida Foto: Cíntia Cruz / Extra |
Apesar do atraso, a CDR disse que vai continuar o atendimento, mas que está negociando e estudando medidas.
Preocupada com as consequências a redução, a aposentada Luiza Madalena da Silva, de 61 anos, paciente da Policlínica Grande Rio, fez um apelo ao prefeito:
— Esse dinheiro não é dele. Se recebe, tem que repassar para a clínica. Queria que ele fizesse uma visita para ver o que passamos, como é feita a diálise. Não é brincadeira.
A Policlínica acionou o Ministério Público, após os constantes atrasos. A CDR ressaltou que, neste momento de pandemia do novo coronavírus, os doentes renais precisam estar ainda mais assistidos e orientados. A Prefeitura de São João de Meriti informou, em nota, que fez os pagamentos para as clínicas na última sexta-feira e que, portanto, não haveria motivo para a interrupção dos serviços.
Via Extra
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